É inegável o papel da transformação digital acelerada na ampliação do desemprego, e ao mesmo tempo é ingénuo acreditar que teremos empregos para todos que forem deslocados nesse processo do seu local de trabalho.
O tempo nos ensina que não existem soluções simples para problemas complexos e esse é um deles, pois além de cuidarmos da atualização dos que perdem seus empregos é preciso entender que apenas reciclar com programas de treinamento esses profissionais não será suficiente, logo é necessário flexibilizar algumas regras de contratação, seja na sua carga de horário ou no seu local de trabalho, sempre é claro levando em conta o compromisso desses postos de trabalho com a previdência na sustentabilidade do cálculo atuarial. Afinal, se a automação contínua destrói diariamente mais empregos, então por que não reduzimos o número de horas trabalhadas para conservarmos mais posições de trabalho?
Recentes experiências abrem espaço para esse debate atual, como a da Microsoft, que provou que dar mais um dia de folga aos seus trabalhadores como uma semana de quatro dias com um fim de semana ocioso de três gera mais produtividade, maior satisfação, menores custos em eletricidade ou papel e menos estresse. Obvio que isso dito para um pequeno empreendedor que nesse momento sofre para pagar suas contas, pode dar tons de total heresia.
Segundo um estudo da Comissão Europeia, atualmente 37% dos empregos no continente europeu poderiam ser realizados remotamente. Logo, pense no seguinte: mais pessoas trabalhando em casa significa uma mudança no trânsito, com ganhos de produtividade na locomoção para todos, bem como alteração de parte do eixo econômico para os bairros, o que significa uma melhor distribuição do fluxo da renda. O que representa mais atividade no bairro com tempo para academias, cursos de línguas e pais que podem levar e buscar seus filhos no colégio a pé.
Pela mesma pesquisa esses índices alteram de acordo com o nível econômico de cada país, sendo 27% na Romênia e 54% em Luxemburgo e 34% na Espanha.
Esse debate nesse instante de volta ao trabalho é fundamental para sua empresa reter talentos, pois certamente esse diferencial será considerado pela mão de obra mais qualificada e que agrega mais valor para sua empresa.
Fica cada vez mais claro que o trabalho do futuro não terá nada a ver com engarrafamentos ou trabalhadores sentados em uma cadeira por quase 8 horas para mostrar que estão fazendo algo. Quando o empresário bloqueia essa mudança pode estar colocando a sua empresa em desvantagem, em comparação com aqueles que são capazes de entendê-lo antes.
Para a ideia de trabalhar menos horas, acrescenta-se outras propostas, como a de conversão nos dias de hoje em propostas mais flexíveis, mais adaptações às necessidades e preferências do trabalhador, ou com a possibilidade de desenvolvê-las remotamente, e estão associadas à possibilidade de incluir essas propostas como alternativa para basear todo um novo sistema econômico com capacidade de resposta aos desafios colocados pela emergência ambiental.
As velhas culturas corporativas podem ser ameaçadas pela total ausência de interação pessoal, o que tende a dificultar um pouco a comunicação e complicar o desenvolvimento de, sobretudo, novos projetos sim, e isso faz parte do desafio em qualquer processo de evolução.
Só a inovação cultural que aposta nas pessoas e nos seus processos produtivos se mantém, a inovação permanente não é mais um diferencial, mas um pré-requisito para se manter vivo no mercado, onde a inovação é uma estrada obrigatória.
A Constituição brasileira elege o trabalho e também o fomento a iniciativa privada como valores indissociáveis, e logo é preciso avançar nessa regulamentação, sempre pensando na formação de uma poupança previdenciária.
Esse texto foi retirado do Site Jusbrasil, e esrito por Charles Machado. Veja na integra no site do Jusbrasil.
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